
As crianças e as casas
É bom
Olhar para fora da janela de meus olhos
E por um instante sentir que existem outras crianças como eu
Olhando de outras janelas
De casas maiores e menores
Mais e menos belas
Sentir que por trás dos castelos
Dos grandes fortes e palácios
Dos barracos e malocas
Dos prédios e das fábricas
Existem apenas crianças como eu
Que se escondem dentro dessas casas
E ficam olhando da janela
Vendo as outras casas
Ninguém sai, mas todos almejam
Enfim liberdade de suas casas.
Alguns tentam invadir as casas dos outros
Outros derrubam a própria casa e morrem no desmoronamento
Foi então que percebi
Que se a janela fosse suficientemente grande
Eu poderia voar por ela
E encontrar todas as crianças
E visitar todas as casas
E conhecer todos os lugares
E brincar todas as brincadeiras
E crescer e ser adulto
Mas quando eu finalmente alcei vôo pela janela
Percebi que poucos o faziam
E os que estavam nas casas não nos deixavam entrar
E me vi só
Tão só como todas as crianças nas casas.